Que os vinhos são conhecidos por sua originalidade, todos sabem. E, claro que isso tem relação com as uvas que o derivam.
Dentro de suas individualidades, cada uva pode se comportar de uma maneira diferente, dependendo dos aspectos do local de sua plantação, por exemplo. Uma delas que demonstra essa personalidade forte em sua casta é a uva garnacha (conhecida na França como grenache).
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Ela é uma das 10 mais cultivadas em todo o mundo. Seus vinhos, sejam eles varietais ou blends, são ricos em sabor e aroma.
Continue lendo este artigo para entender um pouco mais sobre as características e a origem dessa uva.
Origem da uva garnacha
Apesar de não saberem ao certo quando surgiu, o começo da história da uva garnacha foi há muitos séculos, em Aragão, região norte da Espanha.
Especula-se que, por volta do século XII, ela começou a ser levada por produtores para locais próximos a essa região, como Grécia, Sicília, Croácia, Sardenha e para as ilhas de Córsega.
Em 1513 ela foi mencionada pela primeira vez pelo agrônomo espanhol Gabriel Alonso de Herrera, quando essa uva ainda era denominada como aragones. Nos próximos anos, ela começou a ser chamada de roussillon na França e canonat na Itália.
O nome “garnacha” surgiu um tempo depois, na Itália. O motivo foi a similaridade que ela tinha com outra uva da região, a vernaccia di oristano (embora as duas não possuam correlação). Já na França, por conta do sotaque, ela é conhecida hoje como uva grenache.
Mas ela ganhou popularidade mesmo um tempo depois, quando ficou em sua melhor forma nas regiões à beira do Mar Mediterrâneo.
No século XIX, chegou às Américas, Austrália e ao sul da África, regiões conhecidas como Novo Mundo. Nessa época, ela ganhou notoriedade nos Estados Unidos e na Austrália, países que, inclusive, até hoje, possuem uma boa produção de uva garnacha e são responsáveis por ótimos rótulos derivados da uva.
Desde 2010, para comemorar sua existência, existe uma celebração chamada Grenache Day. O Dia Internacional da Grenache foi instituído durante o evento Grenache Symposium, no Vale do Rhône. A comemoração é feita pelos amantes de vinhos toda terceira sexta-feira de setembro.
Características da uva garnacha
Dona de cachos grandes de coloração rubi de baixa intensidade, a uva garnacha se adapta bem a diferentes regimes pluviométricos e solos, isso porque devido às raízes longas e profundas, ela tem capacidade de extrair do solo o máximo de água possível, fazendo com que as vinhas dessa uva consigam resistir a períodos de seca.
O fato de seu crescimento ser vertical e o caule forte, também fazem com que elas não sejam prejudicadas pelos ventos comuns nos vales que são plantados.
Com isso, as condições mais secas e uma boa iminência de sol são necessárias para ser feita a colheita ideal das garnachas para a vinificação.
Porém, por ser uma uva que o amadurecimento tende a acontecer no final da estação de crescimento, elas ficam suscetíveis a doenças e pragas comuns aos vinhedos, como, por exemplo, oídio e acariose, afinal os cachos ficam bem apertados na videira.
Uma outra curiosidade dessa uva é que, desde 2010, para comemorar sua existência, existe uma celebração chamada Grenache Day. O Dia Internacional da Grenache foi instituído durante o evento Grenache Symposium, no Vale do Rhône. A comemoração é feita pelos amantes de vinhos toda terceira sexta-feira de setembro.
Variedades da uva garnacha
Muito se engana quem pensa que existe apenas um tipo de uva garnacha. É possível encontrar uma série de videiras dessa uva que passaram por mutação de cor. A garnacha noir ou vermelha é uma das mais populares. Já a garnacha blanc é uma variedade importante na França.
No sul da França e na Sardenha, já ocorreu as mutações que resultaram na grenache rosé e na grenache gris, resultantes em vinhos brancos levemente tingidos ou rosés pálidos.
A grenache peluda ou hairy grenache, evoluiu para desenvolver uma pelugem na parte inferior das folhas, com isso, elas se protegem da transpiração em climas quentes.
O cruzamento entre a garnacha e a cabernet sauvignon, em 1961, resultou numa uva francesa, chamada marselan.
Vinificação da garnacha
No processo de vinificação, a uva garnacha dá origem ao vinho de cor violeta-brilhante, de corpo médio e translúcido. São bebidas com pouca presença de taninos, mas com variação de média para alta na acidez.
Uma das principais características dessa uva é o alto teor alcoólico, já que normalmente elas são produzidas em locais quentes. Na maioria das vezes, os rótulos possuem em média 14,5% e podem até ultrapassar 15% ABV – Alcohol by Volume (em português, álcool por volume).
Alguns deles chegam a passar 15 meses em barricas de carvalho francês e mais de 4 meses em adegas, resultando num vinho intenso, refinado e marcante.
O aroma da uva garnacha tem muitos traços de frutas vermelhas e negras, como ameixa, amora e morango, por exemplo, porém, em estágios mais maduros, ou até mesmo geleias. É possível também notar notas de ervas secas e frescas.
Quando passam pelas barricas, o vinho garnacha também pode ganhar aromas de couro, cacau e baunilha.
Harmonização
Normalmente, a harmonização entre garnacha e pratos bem condimentados, como ensopados ou os da culinária indiana (sejam eles de carnes ou vegetais), são muito comuns. Carne vermelha também é recomendado, afinal essa casta possui taninos bem representados, que balanceiam as proteínas do alimento.
Carnes grelhadas, sejam elas bovinas, linguiças ou animais de caça também caem muito bem. Algumas típicas são, por exemplo, cortes de cordeiro e coelho assado.
Aumentando as opções, pratos à base de frutos-do-mar e peixes também podem cair bem.
Por fim, esses vinhos também combinam super com queijos e uma bela tábua de frios, com carnes curadas de charcutaria, como salame, por exemplo.
E aí, o que achou de saber um pouco mais sobre a uva garnacha? Nos conte aqui nos comentários! Ah, e não esqueça de conferir nossas últimas publicações clicando aqui.